Erros comuns em projetos elétricos que podem sair caro (e como evitar)

Falhas de projeto podem causar prejuízos expressivos, desde retrabalhos dispendiosos até risco de danos irreversíveis a equipamentos críticos. Veja abaixo sete erros avançados e as medidas de engenharia para neutralizá-los:

  1. Cálculo superficial de harmônicos
    Muitos projetos ignoram distorções de tensão e corrente geradas por cargas não lineares (inversores, fontes chaveadas e drives). Esses harmônicos sobrecarregam transformadores e cabos, reduzindo a vida útil dos ativos.
    Mitigação: implemente filtros passivos ou ativos e verifique o THD (%) nos estudos de curto-circuito e queda de tensão.

  2. Ausência de coordenação de proteção diferencial
    Usar apenas disjuntores gerais sem ajustar curvas de disparo (char. B, C ou D) e sem seletividade entre eles provoca desarmes em cascata, deixando áreas inteiras sem energia.
    Mitigação: aplique estudos de coordenação (IEC 60947-2), estabeleça gradações de tempo e corrente entre painéis e avalie a instalação de relés diferenciais residuais (RCD/DR).

  3. Negligenciar fatores de agravo em ambiente industrial
    Ambientes petroquímicos ou com temperaturas elevadas demandam cabos especiais, com isolamento resistente a solventes, óleo e fogo. Economizar no tipo de cabo pode levar a curto-circuitos e incêndios.
    Mitigação: consulte a NBR 5444 e escolha cabos LS0H ou FEP conforme a criticidade do processo.

  4. Dimensionamento inercial de geradores sem análise dinâmica
    Para grupos geradores em aplicações críticas (centros de dados, hospitais), não basta a potência nominal: é preciso simular o comportamento em regimes transitórios (critérios N+1, tempo de carga, tipo de motor).
    Mitigação: use software de modelagem (ETAP, SKM) para simular arrancadas de carga e confirmar a capacidade de recuperação de tensão e frequência.

  5. Desconsiderar o balanceamento de fases em sistemas trifásicos
    Altos desequilíbrios (> 3 %) elevam perdas, criam sobrecorrente em uma fase e subcorrente em outra, causando aquecimento e redução de eficiência dos transformadores.
    Mitigação: distribua cargas uniformemente, reavalie a conexão de cargas monofásicas e inclua compensadores automáticos de carga, se necessário.

  6. Falha na especificação de aterramentos isolados versus sólidos
    Em sistemas de distribuição de médio porte, escolher aterramento TT em vez de TN-S (ou vice-versa) sem avaliar regimes de neutro e curto-circuito pode expor operadores e equipamentos a sobretensões perigosas.
    Mitigação: conduza estudo de solo (resistividade), calcule correntes de falta e selecione o sistema de aterramento conforme IEC 60364.

  7. Projeto ignorando manutenção preditiva e IoT
    Projetos “fechados” que não preveem pontos de medição inteligente (sensores de corrente, tensão, temperatura) impedem diagnóstico precoce de falhas e inviabilizam estratégias de manutenção baseada em condição.
    Mitigação: inclua pontos de acesso para instalação de monitores digitais e gateways IoT, padronize protocolos (Modbus, BACnet) e projete espaço para painéis de supervisão.

Em suma, um projeto elétrico de alta performance requer muito mais que dimensionar fios e componentes: demanda análise de harmônicos, coordenação de proteção, características ambientais e previsibilidade operacional. Contratar um engenheiro elétrico com experiência em simulação avançada, normas internacionais (IEC) e ferramentas de manutenção preditiva é a chave para evitar surpresas no orçamento e ganhar confiabilidade de longo prazo.

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